Você já percebeu como muitas vezes aquilo que mais julgamos no outro diz mais sobre nós mesmos do que sobre eles? É como se apontar o dedo para alguém nos ajudasse por alguns segundos a desviar os olhos das nossas próprias feridas. Zombamos do corpo alheio quando estamos desconfortáveis com o nosso. Ridicularizamos a escolha do outro, quando não temos coragem de assumir as nossas vontades.
Somos duros, impacientes, irônicos, mas no fundo, o alvo real da nossa crueldade mora no espelho. A vergonha é uma emoção silenciosa, mas poderosa. Ela nos fragiliza e nos torna defensivos. E, às vezes, a forma que encontramos para lidar com ela é atacar primeiro, antes que nos ataquem. Como se humilhar alguém que expõe aquilo que escondemos nos tornasse mais fortes, mas não torna.
Só aumenta a distância entre nós e o que somos de verdade. Por isso, antes de rir, zombar ou criticar, vale se perguntar: será que esse julgamento diz mesmo sobre o outro ou será que ele revela algo que ainda não conseguimos acolher em nós? Talvez a empatia comece aí, quando deixamos de usar o outro como escudo e passamos a olhar honestidade para as nossas próprias dores.