Uma das companhias de teatro de bonecos mais importantes do Brasil, o Giramundo vai celebrar seus 55 anos de existência com a Ocupação Giramundo, em BH. O universo dos bonecos veio das brincadeiras de criança do fundador, o pintor Álvaro Apocalypse, e transformou–se em uma potência teatral internacional que continua a encantar por onde passa.
Madu, (Maria do Carmo Vivacqua Martins), contou um pouco dessa história que começou em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de BH. “O Giramundo começou sem a menor ideia de chegar aos palcos, era uma brincadeira entre Álvaro, Tereza [Veloso] e eu, eu era aluna do Álvaro, e depois me tornei colega dele na Escola de Belas Artes”.
Da história que começou na década de 1970 para cá, foram mais de 3,5 mil bonecos criados, de todos os tipos, formas e tamanhos. Parte deles – mais especificamente 600 – foram reunidos para uma exposição inédita e gratuita no Palácio das Artes, em BH, que estreia neste sábado (11/10) e ficará disponível até o dia 22 de fevereiro.

Início de tudo
A mente brilhante do polímata Álvaro Apocalypse, falecido em 2003, teve como referências brincadeiras com papel ao lado dos irmãos e as animações da TV. “Eles tinham uma brincadeira que chamava Hominho, pequenos homens que eles recortavam em papel e brincavam com isso”, contou Madu.
“E essa coisa de bonecos já veio nascendo no Álvaro desde muito novo, e ele teve muita intimidade também com desenho animado no início da televisão”, completou. Em seus anos de Giramundo, o pintor tinha como principal ponto de estudo a proporção, marca forte da parte técnica dos bonecos da companhia.
Lá no início, o primeiro espetáculo do grupo ocorreu de forma despretensiosa, em 1970. “Nós pegamos um personagem, a Belo Adormecida, que era um cânone mais conhecido, e o Júlio Varella se entusiasmou com aquilo e nos colocou no palco”, relembrou Madu.

“Fizemos bonecos um pouco antes [de 1970], eram bonecos muito simples. E o primeiro que a gente fez, que era a ideia de fazer uma fada, ficou tão feio que recebeu um bigode e virou um guarda do palácio da princesa, e começou assim”, disse a fundadora, rindo.
Exposição: 1970 até hoje
A exposição “Bonecos Giramundo” faz uma retrospectiva da obra de Álvaro Apocalypse, exibindo peças originais de 25 montagens realizadas entre 1970 e 2003. A produção contemporânea também entra na mostra, com bonecos de 15 espetáculos recentes e coproduções para a televisão, dirigidas por Bia Apocalypse, Marcos Malafaia e Ulisses Tavares.
“Essa exposição, para mim, significa a vida que eu vivi, a vida que eu escolhi. E eu fico muito emocionada de ver que o Giramundo deu frutos. Nós já estamos na segunda geração dos fazedores de bonecos e talvez numa 4ª dos que assistem ao Giramundo. Já tem avós que já trazem os netos. Eu que era a mais nova do grupo estou com 80 anos”, declarou Madu.
Além da exposição, o Ocupação Giramundo inclui a apresentação do teatro de bonecos “Alice no País das Maravilhas”, neste domingo (12/10), no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. O espetáculo tem Fernanda Takai na voz da personagem principal e busca fazer uma síntese de referências a várias montagens do Giramundo.
A apresentação é uma adptação da famosa obra do romancista Lewis Carroll sobre uma garota que cai em uma toca de coelho e é transportada para um lugar fantástico, habitado por criaturas incomuns, criando uma atmosfera de sonho. O espetáculo começará às 17h30, com últimos ingressos a partir de R$ 20 neste link.
Bonecos Giramundo
Data: 11 de outubro a 22 de fevereiro
Horário: terça a sábado, de 9h30 às 21h; domingo, de 17h às 21h
Local: Palácio das Artes | Avenida Afonso Pena, 1537 – Centro (Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard)
Entrada gratuita