Era início de noite em Barcelona quando um senhor de roupas amarrotadas e velhas atravessou, distraído, uma avenida e foi surpreendido por um bonde que o atingiu em cheio e ele caiu inconsciente. Pelo aspecto, ele foi tido como um sem-teto e demorou para alguém ajudá-lo.
Isso aconteceu em 1926 e aquele homem era o arquiteto Antoni Gaudí. Já internado e sem documentos, ele só foi reconhecido no dia seguinte pelo capelão da Sagrada Família, a monumental Basílica de Barcelona, cuja construção estava em seus primeiros estágios. Tratava-se de ninguém menos que o próprio criador da edificação, uma das mais famosas da cidade e de toda a Espanha.
Gaudí agonizaria ainda por três dias, mas a gravidade dos ferimentos fez com que ele morresse aos 73 anos, em 10 de junho de 1926. Maior nome do modernismo catalão e um dos mais conhecidos da arquitetura do seu tempo, Gaudí foi proclamado como venerável pelo Vaticano, o que é um primeiro passo no caminho para sua canonização.
Se Gaudí vai virar santo, ninguém sabe ainda, mas a arquitetura agradece profundamente o vigor, a coragem, amor e determinação para vai propor algo absolutamente fora da curva e por isso mesmo muito criticado na época em todos os seus trabalhos.