Toda vez que chegamos à casa dela, ela nos leva para a cozinha e, depois de um papo inicial, começa a preparar, ali na nossa frente, alguns pratos apetitosos para comermos. Retira umas torradas do forno e coloca pães de queijo para assar. Passa o café, cujo cheiro invade toda a cozinha e nossas narinas. Coloca queijo, algumas fatias finas de presunto e um bolo que já havia preparado logo cedo.
Depois de pôr a mesa, continua a conversa. Ela adora receber visitas, mas, muitos dos amigos que costumavam ir já não aparecem mais.
“A gente vai ficando velho, começa a ter dificuldade para andar, ouve pouco, tem vontade de ir ao banheiro muitas vezes ou precisa usar um absorvente diário, e isso incomoda. Aí, tem gente que se acomoda e não sai mais de casa. Eu mesma estou mais quieta, mas ainda adoro receber visitas”, disse ela.
Comemos, bebemos café e suco, e a conversa flui. Há pessoas que preparam uma comida e servem, mas ficam inquietas, esperando que os convidados comentem sobre o que comeram. “Tá boa a comida?”, perguntou a todos. Concordamos que sim e a elogiamos.
Na despedida, ela acenava com as mãos do portão e dizia: “Faz uma forcinha para voltar mais vezes. Essas visitas me renovam a sensação de estar viva”.