Sempre que falo em reconexão, lembro de uma história de uma tribo africana, na Namíbia, que tem como parte da sua cultura o ato de criar uma música para um bebê assim que inicia a sua gestação. Aquela canção é cantada com a criança ainda no ventre, quando ela nasce, quando faz aniversário, ao crescer e em todas as comemorações de sua vida. Ninguém na tribo tem uma música igual, é como se fosse a identidade de cada pessoa que compõe aquele coletivo.
Quando, por algum motivo, esta criança, na fase da adolescência ou adulta, se desvia do seu caminho, todos da tribo se reúnem, colocam aquela pessoa ao centro de uma roda e cantam a sua canção. Essa é a possibilidade de reconexão, para a pessoa se lembrar – e não esquecer – de quem ela é, de onde ela veio, dos valores que a cercam e permeiam.
No filme “Fúria Primitiva”, disponível no Prime, uma pessoa dizia que uma dor pode virar propósito. Não que isso seja regra, mas para muita gente acaba sendo uma forma de ressignificar sua existência e uma conexão com algo para além de si mesma.