Para pessoas com deficiência, dirigir representa muito mais do que a busca por comodidade em um deslocamento. Estar ao volante traz mais liberdade e autonomia! E esse processo começa pela conquista de uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Para conduzir um veículo usando uma prótese, por exemplo, é necessário passar por uma avaliação médica realizada pelo Detran.
Verifica-se nesse processo a capacidade da pessoa em operar o veículo com segurança no trânsito. Dependendo do tipo de prótese e da deficiência pode ser necessário obter uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) especial, que especifica as condições de direção e as adaptações exigidas no carro.
Para motoristas que utilizam próteses, a avaliação técnica pode incluir exames físicos e psicológicos. Em muitos casos, é necessário passar por aulas e testes de direção em veículos adaptados, como parte do processo de licenciamento.
Adaptações no Veículo
Os veículos podem precisar de adaptações para que as pessoas que usam prótese possam dirigir de forma mais fácil e segura. É o que explicou Fabrício Daniel, especialista em reabilitação e diretor clínico do Instituto Brasileiro de Prótese e Órtese (IPO BRASIL), durante entrevista concedida ao jornalista Paulo Leite no Programa Rádio Café, da CDL FM.
Entre as adaptações mais comuns, estão:
- Controles Manuais: Para pessoas com amputações nas pernas, os pedais de acelerador e freio podem ser substituídos por controles manuais instalados no volante;
- Pedais Adaptados: Pedais elevados ou modificados podem ser usados por pessoas que têm próteses nas pernas, facilitando o acesso e a operação;
- Volantes Modificados: Volantes com empunhaduras ou dispositivos de rotação permitem que motoristas com prótese nos braços mantenham o controle do veículo;
- Transmissão Automática: O uso de veículos com câmbio automático elimina a necessidade de acionar a embreagem, o que facilita a condução para pessoas com próteses nas pernas.
Treinamento e Avaliações
Antes de dirigir com uma prótese, é necessário passar por treinamento adequado. Escolas de condução especializadas oferecem cursos voltados a motoristas com necessidades específicas.
Além disso, é comum que a pessoa passe por uma avaliação de direção realizada por um profissional de saúde, como um terapeuta ocupacional ou especialista em reabilitação. Esse processo inclui uma análise das habilidades motoras, como força, coordenação e tempo de reação, para assegurar que o motorista pode operar o veículo de forma segura. Após o treinamento, o condutor deverá realizar um teste de direção em um veículo adaptado, onde serão verificadas as adaptações necessárias.
Durante a entrevista, Fabrício Daniel destacou que 50% dos casos de amputações no Brasil são causados por causa de uma doença muito conhecida dos brasileiros.
“Estamos falando hoje de cerca de 80 amputações por dia no país. São três amputações por hora e a principal causa de amputações ainda são problemas vasculares, e o principal deles é a diabetes”, detalhou.
O especialista explicou também que o acesso aos carros adaptados estão cada vez mais difundidos. O próprio IPO BRASIL realiza eventos em parceria com concessionárias para fazer a ponte entre pacientes e especialistas.
Confira a entrevista na íntegra: