
O Conecta Mente dessa segunda–feira (26/5) conversou com a embaixadora do Dia Livre de Impostos, Rita Mundin. A data é um protesto contra a carga tributária no Brasil, que busca conscientizar a população mostrando o impacto real dos tributos no bolso dos consumidores.
“Nós temos que nos indignar, protestar, mas, além disso, através do voto, da democracia, nós temos que fazer valer o que é justo. Não podemos compactuar com o estado ineficiente, inoperante e corrupto. Então, o dinheiro tem que ficar muito mais a mão das pessoas, nas mãos das famílias e das empresas do que na mão do estado em qualquer nível”, opinou Mundin.
Segundo Rita, a população do Brasil segue uma cultura de acreditar que o Estado é provedor de recursos. Para ela, o Estado “tira das pessoas para poder prover”. “Isso é um modelo destrutivo, que induz à pobreza. O modelo indutor da riqueza é aquele que prioriza o trabalho”, afirmou.
“O que é o PIB? É a soma dos bens e serviços produzidos e, no Brasil, quem produz é tratado como bandido, e fica todo mundo querendo ser beneficiário ou funcionário público, sem ter a noção de que quem paga o benefício, quem paga a máquina, é quem produz em todos os setores da economia”, disse a embaixadora.
‘Produtores financiam Estado’
De acordo com Mudin, os produtores do país deveriam ser exaltados, pois pagam um terço dos rendimentos “para financiar o Estado”. Ela acrescentou que o Brasil não entrega bens, serviços e coletivos de qualidade nas áreas da educação, saúde e segurança.
“Então, o brasileiro não tem essa cultura de enxergar que o dinheiro do governo é o dinheiro do cidadão que está sendo muito mal usado. O governo gasta muito, gasta mal e, ao invés de equacionar a relação, ele sempre quer aumentar a receita para conseguir financiar um aumento de despesas astronômico”.
Rita disse que o Brasil teve uma quebra da cultura de auxílio do Estado com a reforma trabalhista feita no governo Michel Temer. “Esse suspiro de liberalismo foi dado no governo Temer e depois no governo Bolsonaro. O Temer, graças a Deus, fez a reforma trabalhista, se não tivéssemos ela, a pandemia teria destruído muito mais a classe produtiva no Brasil”.
“Primeiro, eu tenho que saber quanto que o Estado gasta para eu saber quanto que eu tenho que cobrar de tributo para sustentar essa máquina. Mas aqui não”, declarou a embaixadora. Segundo ela, o país primeiro aumenta a carga tributária, agiliza a cobrança dos tributos e planeja a reforma administrativa para depois.
‘Tem que ser feita uma reforma política’
Para Mudin, a mudança a respeito dos impostos deve ser feita de forma estrutural. “Tem que ser feita uma reforma política, falta ética na política. Temos uma constituição que é parlamentarista e um regime presidencialista. Então, o presidente não consegue fazer política de estado porque tem que passar pelo congresso”.
“As emendas parlamentares hoje são a maior vergonha do Brasil, porque você não tem verba e não tem como aprovar políticas de estado. Então, você aprova políticas de governo para a próxima eleição. Então, na verdade nós estamos, na minha opinião, numa cilada política em que os partidos são donos do Brasil”.
Rita pontuou que os partidos têm controle sobre o dinheiro da sociedade, que sustenta toda a estrutura. Ela disse que os poderes legislativo, executivo e judiciário são cada vez mais bem pagos, sobrando “migalhas para a sociedade”. “E você tem que ficar correndo atrás de um deputado para pedir uma ambulância”.
Mudança na Constituição ou no regime político
Mudin acredita que a mudança do cenário não seja fácil, pois se trata de um sistema. “Ou a gente muda a Constituição, ou muda o regime, porque se tivéssemos um parlamentarismo de fato, aí sim os partidos teriam que fazer pela sociedade para se manterem no poder”.
Segundo a embaixadora do DLI, a sociedade paga cada vez mais impostos para manter os privilégios dos poderes legislativo, executivo e judiciário. “Eles não fazem a conta cortando as despesas, mas sim, aumentando receitas nas costas da sociedade, e a dívida vai crescendo”.
“Porque o governo não tem as receitas necessárias para fazer face às despesas, e ele não quer fazer esse equilíbrio. E então o que nós temos é um aumento da dívida, esse aumento cresce o risco do país, o que impede que a taxa de juros caia. Então, é muito perverso o que nós estamos vivendo por falta de responsabilidade fiscal”.
Ao longo do bate–papo, Rita defendeu a educação como pilar para a mudança cultural e política, citando o analfabetismo funcional da população. O Dia Livre de Impostos será nesta quinta–feira (29/5). O episódio completo está disponível no nosso Spotify e no canal de YouTube da CDL FM. Acompanhe trechos da conversa nas redes sociais.