Aquela mulher tinha marcas no rosto. Não eram sinais do tempo, mas marcas do que o ex-marido, aquele que jurou o amor, deixou em sua pele e ainda mais na sua alma.
Ela disse que ainda chora, não por saudade, mas para não esquecer.
Porque um dia foi amada e, no outro, já estava sendo machucada. Contou que, no começo, tudo parecia cuidado. Ele dizia se importar, queria saber onde ela ia, como se vestia, com quem saía, parecia zelo e, por muito tempo, ela acreditou nisso.
Mas o que era cuidado virou controle. O amor se transformou em posse, em dominação. Foi quando ela percebeu que estava adoecendo e precisou romper para se reencontrar.
Ao final da conversa, citou uma música famosa na voz de Bethânia. Eu sei, as cicatrizes falam, mas as palavras calam o que eu não esqueci. E ficou em silêncio.
As feridas emocionais não esquecidas tornam-se uma parte silenciosa da identidade, em vez de uma narrativa falada.
