A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) entende que, após a divulgação dos últimos boletins epidemiológicos sobre a situação da Covid-19 em nossa cidade, é perfeitamente possível que o governo do Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte determinem a reabertura do setor de comércio e serviços que está de portas fechadas desde o último dia 6 de março. Para estes estabelecimentos que estão proibidos de funcionar, a situação já passou o limite do suportável.
Em 2020, Belo Horizonte foi a cidade brasileira onde o comércio ficou mais tempo de portas fechadas. Já se passaram mais de cem dias em 2021 e mais da metade deles o comércio ficou proibido de funcionar. Os justos não podem continuar pagando pelos pecadores. É inadmissível que um pequeno estabelecimento, na imensa maioria das vezes estando com menos de dez pessoas, contando funcionários e clientes, seja impedido de funcionar, enquanto vemos todos os dias centenas de ônibus coletivos trafegando lotados no transporte público da cidade. Além disso, elencamos abaixo alguns fatos concretos que nos permitem reivindicar a imediata reabertura do comércio:
1 – A Taxa de Transmissão (RT), que é um dos indicadores utilizados pela Prefeitura para definir a abertura ou não do comércio, nas últimas três semanas teve reduzidas quedas e já chegou ao nível verde. Esse indicador já atingiu o índice de 1,27 e no boletim desta segunda-feira, 12, desceu para 0,89.
2 – Além da Taxa de Transmissão, os outros dois indicadores utilizados como critérios para a flexibilização também estão acompanhando este ritmo de queda. Atualmente, ao contrário de duas semanas atrás, apenas um indicador está no vermelho, que é o número de leitos de UTI para tratamento exclusivo da doença. A permanecer o ritmo da queda, podemos crer que já no final de semana ele atingirá o nível amarelo.
3 – Desde a determinação do último fechamento do comércio, em 6 de março passado, o índice de isolamento social não aumentou – sempre girou em torno de 45%, o que comprova de forma muito evidente que o comércio não é o responsável por aglomerações. Aliás, até a própria prefeitura já admitiu essa realidade. No primeiro fechamento do comércio, imposto pela prefeitura este ano, este fato ficou bastante evidenciado.
4 – Também houve um fato muito positivo desde o último fechamento. Em 5 de março, tínhamos em nossa capital 575 leitos de UTI para tratamento exclusivo da Covid-19 nas Redes SUS e Suplementar. Hoje, temos 1.147, ou seja, uma ampliação de 99,5%.
5 – O mesmo aconteceu em relação aos leitos de enfermaria. No mesmo período houve uma ampliação de 1.426 para 2.207 leitos nessa categoria, significando um aumento de 781 unidades, quase 55%. Há de se ressaltar aqui que ao longo destes últimos treze meses essa tem sido a principal reivindicação da CDL/BH. Ainda no início da pandemia já alertávamos para a iminente necessidade de ampliação do número de leitos. Sempre defendemos a tese de que é mais barato abrir leitos do que recuperar a economia.
6 – Ainda não estamos no ritmo desejado de vacinação. Pelo contrário, estamos longe ainda. Felizmente, neste último sábado a Prefeitura teve o bom senso de continuar com a campanha. Mas, como a própria Prefeitura divulgou, Belo Horizonte está em um patamar um pouco acima da média de Minas Gerais e do país. E nos últimos 30 dias, realmente em todas as instâncias, chegou-se a um consenso de que a vacinação é o caminho mais curto para a retomada da normalidade na vida das pessoas e dos empreendimentos.
7 – Desde o primeiro momento, o comércio de Belo Horizonte sempre foi muito colaborativo e engajado na preservação da saúde das pessoas. Da nossa parte, o lema da CDL/BH nestes últimos treze meses foi preservar vidas, ajudar empresas e garantir empregos. Dentro dessa linha de atuação, promovemos diversas iniciativas para garantir, em primeiro lugar, a saúde das pessoas.
8 – Desde que começou a pandemia, a CDL/BH promoveu várias campanhas de conscientização junto aos lojistas para que pudessem garantir o máximo de segurança para a saúde dos trabalhadores e clientes. Sempre quando fomos autorizados a funcionar, o fizemos de forma segura e responsável. Até lançamos o selo Loja Segura, para incentivar o empreendedor a adotar os protocolos necessários e mostrar ao consumidor que ele está efetuando sua compra em um ambiente seguro. É necessário ressaltar que as campanhas educativas foram realizadas desde o início da pandemia, antes até do primeiro fechamento do comércio, em março de 2020. A primeira campanha de prevenção contra o coronavirus na cidade foi promovida pela CDL/BH.
9 – Nos últimos treze meses já tivemos sete datas comemorativas. Destas, cinco passamos de portas fechadas e outras duas funcionando com restrições. Daqui a um mês teremos o Dia das Mães, a segunda data com maior movimento no comércio. O fato de estar de portas abertas ou não será a fronteira entre a sobrevivência e o fechamento definitivo de muitas empresas. Segundo dados da Junta Comercial de Minas Gerais, no setor de comércio e serviços, houve o fechamento de 21.321 empresas em Belo Horizonte em 2020. Este número pode ser muito maior, tendo em vista que em grande parte dos casos as empresas não registram imediatamente o encerramento de suas atividades.
10 – Por último, mais uma vez apelamos aqui para um pensamento cristão: “Os justos não podem pagar pelos pecadores”. O comércio já deu e continuará dando a sua cota de contribuição e sacrifício para que vidas sejam salvas. Reiteramos aqui a nossa absoluta disposição em colaborar para qualquer iniciativa que tenha como objetivo conter o avanço da doença. Porém, não podemos mais permanecer pagando uma conta que na realidade é provocada pelo transporte público lotado, pelas festas clandestinas e pelas aglomerações irresponsáveis.