Quando descobriram o câncer e que o tratamento deveria ser realizado em Belo Horizonte, a família daquele idoso se desesperou. Ele, com quase 70 anos, não tinha onde ficar na capital mineira. As despesas de hospedagem para ele e um acompanhante seriam altas e não teriam como marcar com tudo isso.
Para além da doença, ele se preocupava com o dinheiro que não tinha, o trabalho que daria aos filhos, o transtorno de ir de Pompéu, onde nasceu e vive, para Belo Horizonte, que ele nem conhecia. Tudo era desconhecido e ele se assustou.
“Me deixa morrer, não tem problema. Já vivi o suficiente fui bem feliz aqui com vocês”, dizia aos filhos. “De jeito nenhum, papai. Nós vamos curar essa doença, aí o senhor vai voltar curado”, dizia uma filha.
Foi na Casa do Caminho que eles conseguiram uma acolhida gratuita. Ontem, ele me disse que a filha teve que voltar para o interior, mas que tem uma moça que é voluntária da Casa que o acompanha ao hospital sempre.
E completou: “O atendimento daqui é ‘ó'”, falava assim e puxava a orelha, num significado de que ali tinha o carinho que ele temia não encontrar para o seu tratamento. Com ele, tantos outros pacientes, tantas outras histórias…
E sabe como a Casa do Caminho sobrevive? Do dinheiro vindo do bazar que eles mantêm. Das roupas e imóveis usados, saem leitos para acolherem aquele senhor e tantas outras pessoas.
Esse aqui é o Juventude Prateada, eu sou tio Flávio e pra me encontrar, vai no Instagram @tioflavio.