Era uma vez uma raposa astuta, faminta, andando por aí à toa, até que avistou um parreiral. No alto, um cacho de uvas maduras, vermelhas, muito suculentas. Ela tentou, pulou, esticou-se, forçou o corpo, mas nada.
As uvas estavam longe demais. Depois de muito tentar, ela desistiu, e para não dar o braço a torcer, soltou em voz alta: “Estão verdes, nem queria mesmo”. Pois é, a raposa preferiu desdenhar do que não pôde alcançar, do que admitir que não conseguiu.
Essa pequena fábula de La Fontaine diz muito sobre a gente. Quantas vezes, diante de uma frustração, agimos como a raposa?
Desprezamos o que desejava só porque não conseguimos alcançar, mas talvez o mais digno seja reconhecer a tentativa, a vontade e aprender com o que não deu certo. Porque o problema não está nas uvas, está no nosso orgulho. Pois é, muita gente finge que despreza aquilo que não conseguiu obter.
O amadurecimento às vezes vem com o gosto do que a gente também não alcançou.