Infelizmente não foi dessa vez que um brasileiro venceu Wimbledon. Na manhã de hoje, o mineiro Marcelo Melo e o gaúcho Rafael Matos foram eliminados nas quartas de final pela dupla do australiano Rinky Hijikata e o holandês David Pel. Sendo assim, o nosso sonho brasileiro do torneio de grama mais tradicional do mundo ficou para o ano que vem.
O Brasil tem oito vitórias, sendo todas de Maria Esther Bueno, três no simples e cinco nas duplas, entre 1959 e 1966. Você sabia do frenesi que é o torneio de Wimbledon? Eu vi uns trem aqui e fiquei horrorizado. Só para se ter uma ideia, de tempos em tempos, ingressos de 5 anos são vendidos num preço de 160 mil dólares na quadra principal, equivalente a R$ 870 mil.
Detalhe: tudo que é colocado da venda é comercializado. Para completar, toda a logística é feita através de túneis subterrâneos. É isso que o senhor ouviu. Os jogadores cruzam o All England Club de um lado para o outro passando por baixo. E até mesmo um túnel maior para que caminhões possam transitar fazendo a logística da arena principal sem atrapalhar o público. Imagina quantas garrafas d’água tem que chegar lá para hidratar esse povo todo, né? Elas chegam e saem sem ninguém perceber, por baixo.
Ainda mais coisa. Alguns fãs do tênis acampam por lá para conseguirem ingressos. E Wimbledon, dentre outras coisas, tem o famoso toque de recolher, o “curfew”. Nenhuma partida pode ser disputada depois das 23h. Se o jogo estiver em andamento, ele para e volta no dia seguinte. É claro que existem concessões, mas de modo geral, britânico é um povo mais assim, né? Rédea curta. Por que o horário de 23h para parar o jogo?
Para que as pessoas possam se deslocar por uma área residencial sem incomodar demais a vizinhança. Detalhe, em Wimbledon os jogos começam sempre à 13h30 da tarde. Motivo de fuso horário ou algo do tipo? Não, para que os fãs tenham tempo de chegarem lá e almoçarem antes do início das partidas. Eu vejo esse tipo de cuidado com vizinhança, fã de esporte, respeito à regra. Tem hora que eu sinto inveja disso aqui no Brasil, sabe?
E antes de acabar, eu vou deixar um recado para você sobre vizinhos. Saiba que o seu vizinho é tão seu vizinho quanto você é vizinho dele. Ou seja, se você quer boa convivência, conviva bem, porque vizinhança é das poucas coisas realmente recíprocas nessa vida. Filosofei. Inspirado pelas regras britânicas, acho que eu vou ali tomar um chá.