“Eu não tenho nada que reclamar da minha vida. Moro nesse lar aqui, que meus filhos me colocaram. Todo mundo fala pra eles, que eles são ruins demais de terem colocado a mãe num asilo. Eu só tenho que agradecer, pois em casa eu era feliz, mas meu esposo morreu, os meninos cresceram e saíram de casa e eu criei eles foi para isso mesmo”, me dizia aquela senhora, numa instituição de longa permanência para pessoas idosas.
E continuou: “aqui eu tenho cuidados o dia todo, não estou presa, posso ir à farmácia, à padaria. E ainda ajudo a cuidar dos acamados”. O sorriso entregava sua alegria. Ela me disse que tinha saudades de muitas coisas, como do marido amável, dos filhos quando eram crianças ainda. De cozinhar, não sente mais saudades, não. Os filhos a visitam sempre, levando os netos.
A ideia de ir para uma instituição foi dela, pois disse que onde ela está, tem amigas para conversar, jogar, partilhar bons momentos. E ainda tem as visitas que ela faz às casas dos filhos, que sempre a levam para passar uns dias com eles. E concluiu a conversa: amo meus filhos, mas não quero morar na casa de nenhum deles. Aqui eu sou feliz.
Fiquei tão satisfeito por ela, pois havia verdade em seu olhar e nas suas palavras.