O universo automotivo, principalmente o relacionado aos serviços de reparação, é majoritariamente masculino. Em Belo Horizonte, a Oficina da Lu quebra esse padrão, oferecendo atendimento personalizado para veículos majoritariamente de mulheres. No Conecta Mente desta segunda–feira (18), a idealizadora do empreendimento contou a história por trás dessa ideia.
Luciana Teixeira conta que teve a oportunidade de transformar uma vulnerabilidade em oportunidade de negócio. “Eu sempre gostei de carro, mas, na hora de fazer a manutenção preventiva, assim como a maioria das mulheres eu terceirizava para o pai, a mãe, o irmão ou um parente, e aí estava tudo bem”.
“Mas o dia que eu estava fora da minha rede de apoio e meu carro estragou, caí na mão daquelas oficinas desonestas que aproveitaram que eu era mulher e não entendia de carro, e aí eu tive que fazer um serviço duas vezes por não entender nada de carro”, relembra a empresária.
‘Sangue nos olhos’ e oportunidade de investimento
Um ano depois, motivada pelo prejuízo que teve, Luciana teve a oportunidade de comprar uma oficina e decidiu oferecer um serviço melhor, especialmente para as mulheres. “Quando eu comprei a oficina tinha duas coisas: sangue no olho, porque eu tinha sido enganada, o ponto era bom e eu tinha o dinheiro”.
“Então eu juntei tudo e falei ‘opa, eu acho que é agora, porque se eu fui enganada, outras mulheres também estão sendo. Então quando eu disse que ‘transformei vulnerabilidade em oportunidade de negócios’ foi aí”, acrescenta a empreendedora.
A partir daí, o desafio de Luciana foi se capacitar e transformar a oficina. A empresária conta que não entendia nada sobre automóveis e começou a ir em fábricas e fazer treinamentos. Além disso, começou a pensar como cliente e priorizou o cuidado com a loja, que tinha muitos pontos a deseja.
Discriminação por ser mulher
Infelizmente, Luciana sofreu certa discriminação por ser mulher e estar à frente de uma oficina mecânica. “Muitas vezes os meus clientes, que eram 90% homens, chegavam e gostavam do que viam, mas não queriam falar com uma mulher. Eles pensavam ‘para que eu vou falar para ela se eu vou ter que falar tudo para o mecânico de novo? Eu quero ir direto no mecânico'”.
Após passar um período se escondendo, Luciana relembrou que queria fazer a diferença para as mulheres naquele mercado. “Acordei um dia e falei, ‘chega, eu vou me mostrar. Vou aproveitar a rede social'”, disse a empresária, que começou a mostrar mais de si na Oficina da Lu.
“Eu conquistei cada cliente através de um bom atendimento, de uma boa apresentação da minha oficina, tentando trabalhar os cinco sentidos. Tirou aquela sensação de que eu vou numa oficina para tomar uma facada”, brincou.
“E aí todos se beneficiaram porque eu fiz esse atendimento para as mulheres, mas todos os meus clientes de todos os gêneros se sentem confortáveis na minha oficina”, afirma Luciana.
‘Subi escada para chegar até aqui’
A empresária também contou como decidiu pela carreira do empreendimento. “Eu sempre gostei dos desafios. Meu pai tinha um mercadinho e eu sempre ficava lá e achava fantástico atender os clientes, achava Fantástico a forma que ele tocava um negócio pequeno, mas que sempre tinha gente”, disse.
“Foi uma uma escada que eu subi para chegar até aqui, não caiu no meu colo. Então, são dedicações, cada dia dedicando mais e o empreender vem dessa forma, a partir do momento que eu falei, ‘agora é a hora’. Eu virei mesmo, mudei, fiz um rebranding na minha empresa, troquei a cor, troquei o nome”.
“Hoje, essas mulheres olham para mim, se sentem seguras e compram de mim. Então eu sou uma porta voz das mulheres no meu segmento e isso para mim tem um valor enorme, porque não sei se nessa vida eu vou conseguir mudar isso, mas vai ficar um legado bonito”, vislumbra.
Ao longo do bate–papo, Luciana deu detalhes sobre suas estratégias de captação de clientes e seus esforços como influenciadora digital. Além disso, a empresária contou sobre seus planos para o futuro da Oficina da Lu, que deve ter um selo em outros estados do país.
A entrevista na íntegra já está disponível nas nossas plataformas digitais. Ouça abaixo:
