A monja Cohen costuma dizer que o medo faz parte de um processo de não estar presente no que está acontecendo, de não vivenciar o momento assim como ele é. O medo, segundo ela, é também necessário. Ele nos protege, nos afasta de riscos reais, impede que sejamos feridos ou mortos.
Mas o medo também tem um outro lado. Ele pode nos paralisar diante de situações que não representam um perigo concreto, apenas um desconforto ou uma incerteza. E é aí que ele deixa de ser um aliado e passa a ser um limitador.
Shakespeare, pela voz de Hamlet, escreveu: “Eu poderia ser livre em uma casca de noz”. E Leandro Karnal completa essa reflexão dizendo: “…e atacado de total claustrofobia em um palácio”. Ou seja, a liberdade ou a prisão não está apenas no espaço físico, mas na forma como a mente percebe o mundo.
O medo pode ser um aviso saudável ou uma prisão construída por nós mesmos. Aprender a distinguir essas duas situações talvez seja um dos maiores desafios da vida. E, quando conseguimos, abrimos espaço para viver de forma mais consciente, presente e, acima de tudo, mais livre.