Técnico de futebol mais longevo do Brasil, o mineiro Aderbal Lana foi o convidado do Conecta Mente dessa segunda–feira (24/2). Atualmente, ele está em atividade no Amazonas, e participou do programa para falar sobre sua vida e carreira no futebol.
Lana começou o bate–papo fazendo uma conexão entre futebol e empreendedorismo, tema central do Conecta Mente. “Futebol é como se você tivesse uma loja aberta. Você tem uma equipe de pessoas que trabalha para você vendendo; você buscando peças ou produtos que possam ser passadas para a pessoa que te compra”.
“E é o que acontece no futebol, você tem que apresentar um produto bom. Qual é o produto do futebol? Um bom jogo e bons atletas dentro de campo, que é o mais difícil de você conseguir hoje, que são ateltas que realmente são profissionais e que estão buscando um lugar ao sol”, declarou Aderbal.
O técnico destaca que o dia a dia no futebol não é fácil, mas que existe um trabalho em equipe para mostrar ao torcedor – que também é comprador – que o clube é um bom produto.
Mudanças na profissão de técnico
O mineiro iniciou a carreira no futebol jogando no Uberlândia, e seu primeiro trabalho como técnico foi em 1973, com o Itumbiara. Lana listou o que mudou na forma de enxergar a própria atividade, de lá para cá.
“Primeiro foi a passagem dos anos na organização das equipes. Hoje, você trabalha com muito mais segurança, trabalha com números, você tem fisiologia, você tem uma equipe física que te entrega tudo mastigado e você apenas enxerga o futebol, lê o futebol, tem que ter a leitura do que está acontecendo”.
Segundo Aderbal, no início de seu trabalho, os técnicos carregavam as bolas debaixo do braço, e hoje, existem 40 bolas disponíveis e até vinte pessoas trabalhando na equipe para ajudar. “Agora, dentro do campo, taticamente, eu fico vendo as pessoas falarem no futebol moderno, mas eu faço várias comparações com o futebol brasileiro”.
“Eu comparo muito as Copas do Mundo que o Brasil disputou, e com as formas de trabalhar e de enxergar o futebol por grande parte da imprensa, que não sabe distinguir o que o Brasil jogava, o que joga hoje e o que continuou na mesmice (vamos dizer assim, não é um termo pejorativo)”.
Para o técnico de futebol, é necessário um amadurecimento diário para as pessoas que estão começando a trabalhar com o esporte. “Começar lá de baixo e vir fazendo as comparações até o futebol de hoje”, opinou.
Nova geração do futebol
Aderbal Lana comentou sobre o desejo das novas gerações de ser ao invés de ter, comparado com gerações passadas que faziam grandes esforços para conquistar objetivos. “Você via um produto que se tinha amor por ele, um Clube Atlético Mineiro, um Cruzeiro, um Nacional de Manaus, a gente se apegava muito a isso”.
“Você era treinador de uma equipe e durava ali dois, três anos. Eu mesmo fiquei no Nacional nessa época por quase quatro anos disputando Campeonatos Brasileiro e estaduais. Você tinha mais carinho porque você queria conquistar e aquilo fazia um bem interior, uma coisa que se ficava orgulhoso de conseguir”.
De acordo com o técnico, os jogadores de anos atrás carregavam consigo suas conquistas de forma constante. “E hoje, o que eu sempre prego, principalmente para diretor; tratamento para um atleta hoje é muito ‘mimimi’, você tem que ser mais calmo, mais tranquilo, deixar tudo delineado para ele nos mínimos detalhes, e antigamente não”.
Lana continuou contando que não precisa trabalhar, mas que constantemente recebe propostas e gosta de ficar em times menores. O mineiro também opinou sobre o movimento de valorização de técnicos estrangeiros, deixando claro que não tem “nada contra, desde que os caras aprendam com a gente”.
O episódio completo com toda a entrevista está disponível no nosso Spotify (ouça abaixo) e no canal de YouTube Multiprosa. Acompanhe trechos da conversa nas redes sociais da Rádio CDL FM.