A conversa sobre o feio e o belo na arquitetura e principalmente no design continua a render pano para manga aqui no Tendências. Eu li esses dias um texto em que certa altura falava que o design que desestabiliza regras reescreve o que é visto como aceitável, ele progride a cultura visual ao celebrar a diversão e destacar as limitações da perfeição.
Isso ajuda sutilmente a todos, de marcas a designers e consumidores, a se comunicarem com mais honestidade. E só para lembrar, eu vou dar como exemplo o movimento punk: a ideia de feio como uma forma de quebra de regras norteou a linguagem do design do punk em meados de 1970.
O design punk, como a música punk e a moda que surgiu a partir dali foi uma rebelião visceral contra o sistema. Não interessava ali as restrições formais do design de bom gosto – ali havia uma crítica estética elegante e educada.
E o fato de a linguagem visual do punk ainda ser vista como um símbolo de desafio e de uma criatividade nascida da frustração com o sistema mais de 40 anos depois é uma prova do poder do feio na formação da cultura.
E isso é tão interessante que, hoje, as marcas e os projetos que rejeitam os padrões de beleza e abraçam uma certa quantidade de estética, seja ela espalhafatosa ou não filtrada, são elogiadas por sua autenticidade e ousadia. Pensa nisso, a vida pode ser bem mais divertida do que ficar tentando imitar a cara do fulano, a roupa da fulana ou a casa daquele cara que parece incrível. Ser autêntico e ter humor é algo precioso demais!