Quem nasceu no interior eu acho que vai me entender. Eu estava conversando com um amigo de Itaguara, cidade mineira que possui pouco mais de 12 mil habitantes, segundo o Censo de 2010.
Ele me falava de uma pessoa que tinha falecido e me mostrou a foto do santinho, publicada em uma página do Facebook. O titular da conta é a funerária da cidade, se não me engano, a única de lá, que mantém um obituário virtual.
Ele me disse que, antes da pandemia, esse anúncio era feito pelo som da igreja, por um carro de som ou por uma rádio local. Tudo isso parou de funcionar e, para as pessoas ficarem informadas, a funerária utiliza essa forma de divulgação. Eu questionei a necessidade, já que a cidade não é grande.
Ele disse que muitos moradores acabam perdendo o contato com pessoas conhecidas, que deixam de se encontrar por diversas razões, como a baixa a mobilidade de ambos, por exemplo, e só ficam sabendo do falecimento de alguém dias depois, o que fazia o conhecido se lamentar por não ter participado da despedida.
Ainda há cidades em que o carro de som faz esse papel, circulando pelas ruas. E eu creio que algumas igrejas ainda façam isso, tocando aquela música diferente antes do anúncio fúnebre. Eu acho tão interessante a manutenção ou a adaptação das culturas dessas pequenas cidades mineiras, que mantêm vivas algumas tradições.
Esse aqui é o Juventude Prateada, eu sou Tio Flávio. Para nos encontrar, vai no Instagram @tioflavio.