O templo da deusa Afaia, na ilha de Egina, na Grécia Antiga, era decorado com esculturas que retratavam, de forma precisa, como seria a vida de um guerreiro.
Assim, as estátuas descreviam um soldado sendo morto por um punhal, um adversário atirando uma flecha em um soldado em retirada, um inimigo dando um empurrão pelas costas.
Ali, o objetivo, era preparar as pessoas para as dificuldades que encontrariam na guerra.
O conhecimento era abertamente utilizado para que as pessoas pudessem aprender a lidar com situações ainda não vividas, mas reais. Uma forma de estimular a reflexão sobre os percalços da vida.
E olha que o templo existe desde o século VI antes da Era Comum. Entretanto, hoje a sociedade faz de tudo para mascarar ou evitar a realidade.
Os pais acham que protegem os filhos ao não abordarem de maneira real e honesta os desafios e as complexidades da vida. Ao mesmo tempo, as mídias sociais constroem vidas fantasiosas e estimulam tanta gente a se sentir à margem daquela felicidade cenográfica.
Dessa forma, pessoas sem estrutura para lidar com estas situações, que são bem mais complexas do que se imagina, adoecem.
Aliás, adoecem caladas e com medo de serem as únicas que passam por aquilo, pois percebe que falar das questões reais da vida é ainda um tabu.